22 março 2018

Carta de Despedida

Querida Missy,

Faz uma semana que tornas-te numa estrela. Aquela estrela fofinha, peluda e mais brilhante. A minha estrela. O meu Anjo-da-Guarda, que sei que vai estar lá em cima a olhar por mim. 

Eras tão pequenina quando vieste para mim, cabias numa mão minha. Foste sem dúvida o melhor e mais doce presente de Natal, quando te recebi nem queria acreditar que tu, Missy, eras minha e eu tua. 

Foi um filme levar-te para casa, mas rapidamente conquistas-te os nossos corações e todos te tratavam como a princesa lá de casa.

Eras uma Coelhinha tão especial que entendias tudo o que te dizíamos e quando querias uma coisa também te fazias entender. Como disse muitas vezes "Só te falta falar". 

Eras a minha maior companheira e confidente, sempre a trás de mim de um lado para o outro, as horas que passas-te enroscada no meu colo, enquanto eu estava no Mac, as noites que tu fugias da "tua casinha" e vinhas enfiar-te na minha cama.

Chegámos a ir passear, levei-te a praia e tu gostaste tanto de escavar na areia que quando chegaste a casa tentaste fazer o mesmo no chão da cozinha. Fomos até á terra dos avós, levei-te à praia fluvial, coitadinha de ti, todos os miúdos te queriam fazer festas, até que te chateaste e enroscaste na minha toalha e ali ficaste descansada. 

Dizem que os coelhinhos são animais stressados, mas tu não, tu confiavas tanto em mim que me deixavas fazer tudo deste dar-te banho, secar com secador, cortar as unhas, andar de carro contigo ao colo era um consolo, ias tão calminha que adormecias nas viagens, nas estações de serviço eras o meu "cão" que me fazia beber o café nas esplanadas, para tu ficares um bocadinho na relva. 

Eras tão engraçada quando a mãe chegava a casa com o saco das compras, saltavas para dentro do saco á procura de algum legume que te agradasse, pegavas nele e fugias. Quando não havia legumes no saco, ficavas a olhar para a minha mãe como quem dizia "então e eu?". 

Eras tão engraçada, não me podias ver a comer bolacha-maria nem tostas, ficavas a olhar para mim com ar de "gato-das-botas", se eu fingi-se que não te percebia, davas-me mordiscadas nos pés até eu te dar um bocadinho. 

Estavas sempre solta e portavas-te tão bem! A única asneira que fizeste em 4 anos foi roer o cabo da Meo, que na verdade és um coelho, muito bem te portaste tu. 

Odiavas estar sozinha, como estavas sempre solta ias visitando uns e outros, ora ias para a sala enroscar-te no pai, ou ias para onde estivesse a mãe. Mas bastava eu chegar a casa e ouvires a minha voz, nem as curvas fazias, vinhas de tal forma a correr ter comigo a pedir mimos e dar mimos. 

Eras tão engraçada que, quando eu saia do trabalho ligava sempre à mãe, como a mãe estava a fazer o jantar, tinha o telemóvel em "alta-voz", ias a correr para o tapete de entrada e deitavas-te à espera que eu chegasse, mal eu chegava era uma festa. 

Há dois meses atrás, quando descobrimos que estavas gravemente doente, decidimos levar-te para casa e tratar de ti o melhor que conseguissemos, nestes dois meses, eu acordava de 3 em 3 horas para te dar água à boca e ver se estavas bem, fazia turnos com a mãe para nunca de deixar sozinha mais do que 1/2horas. Foste tratada como uma verdadeira princesa. 

Foste tão mimada até ao teu último suspiro, ao meu colo, despediste-te de mim com um lambeijo e foste para o céu. 

Obrigada por tudo o que fizeste por mim, já são tantas as saudades, ficam as boas recordações... 
Até um dia minha princesa peluda Missynha. 

Lisboa, 22 de Março 2018 



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3 comentários:

  1. Oh Carla, não tenho palavras. Fez na quarta-feira um mês que perdi também o meu coelho, o meu mais que tudo. Sei bem o que estás a passar e acredita que a saudade aumenta a cada dia. Se algum dia quiseres falar, está à vontade para o fazer.
    Um abraço bem apertadinho <3

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    1. Obrigada, já são tantas as saudades..
      um Beijinho grande

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  2. Um beijinho grande e um do-coração ❤️
    Beijinhos

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